segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sobre o DVD Luar de Sol - Diário de Pernambuco



O cantor e compositor Jorge Vercillo já tinha uma carreira na noite, havia conseguido emplacar três músicas em novelas, mas, até 1997, ainda buscava reconhecimento popular. Foi quando recebeu uma ligação de um fã que mudaria a história. Paulo Façanha, dono de uma loja de CDs em Fortaleza, no Ceará, telefonou a fim de convidá-lo para apresentar um show por lá.

"Ele me contou que vendia meus discos de dia e, como músico, tocava minhas canções à noite". Mesmo sem botar fé, Vercillo resolveu aceitar. Quando chegou, encontrou uma plateia de 200 pessoas e o show foi marcante. A partir daí, os convites não paravam de chegar, voltou várias vezes, até ser chamado para cantar em outras capitais próximas. "O Nordeste foi um dos primeiros lugares em que me tornei conhecido". A gratidão, passados 16 anos, chega em forma de CD e DVD.

Quando resolveu registrar o terceiro DVD, em parceria com o Canal Brasil, em setembro do ano passado, no Theatro José de Alencar, em Fortaleza, ele não pensou duas vezes. Organizou um tributo para o povo que primeiro abraçou sua produção musical. Assim surgiu o projeto Luar de sol, que também virou especial no Canal Brasil, emissora na qual ele está à frente do programa O sarau – compositores unidos.

O clima da atração na televisão, que Vercillo apresenta ao lado de Dudu Falcão, é parecido com o dos bastidores do DVD. Da mesma forma que nos encontros na telinha, o músico resolveu privilegiar seu lado B, optando pelas canções menos conhecidas. "Esse meu lado tem bastante a ver com as influências nordestinas que já tinha antes mesmo de ir tocar por lá. Desde quanto me apresentava na noite, meu repertório era Pepeu Gomes, Moraes Morais, Gilberto Gil, Djavan... O Nordeste sempre esteve presente em admiração".

Brilho do sol

CD e DVD traduzem bem tudo isso. "O sotaque nordestino está presente em composições como Olhos de íris e Homem grande, esta última gravada com Fagner". A maioria das canções não tocou no rádio. O nome do disco é outra referência à região que primeiro o notabilizou. "Luar do sol representa aquilo oculto que, de repente, é iluminado pelo brilho do Sol", teoriza.

Mesmo com as fortes influências, ele faz questão de dizer que o novo trabalho não deve ser ligado apenas àquelas referências. "Percebo que a música que faço não tem um sotaque único. Mesmo sendo carioca da gema. Ela tem caráter amplo. Fiz um caminho oposto ao de grandes artistas, que saíram do Nordeste e vieram para o Sudeste. Por isso, minha carreira se consolidou no Brasil inteiro". Hoje, ele vive no Rio. De lá, parte para suas turnês. Faz em média oito shows por mês.

Todos no mesmo tom

Tudo começou naturalmente. Os compositores da mesma geração de Vercillo, que vivem no Rio, vez por outra se encontram para saraus. A ideia dos encontros era trocar figurinha, tocar e cantar, sobretudo novidades, releituras e as músicas que não são hits. Num desses encontros, surgiu a proposta de democratizar a ideia, levando-a para a televisão. O Canal Brasil aprovou o projeto e, desde então, surgiu a série O sarau – compositores unidos. A atração, exibida aos sábados, às 21h30, está prestes a ganhar nova temporada.

Funciona assim: uma vez por mês, Jorge Vercillo recebe em sua casa, na Barra da Tijuca, o parceiro de bate-papo Dudu Falcão para uma conversa com outros artistas. Já estiveram por lá Ana Carolina, Luiz Melodia, João Bosco, Leila Pinheiro, Milton Nascimento, enfim, artistas que ele admira e que só aparecem na mídia interpretando os sucessos. "A proposta é privilegiar as músicas que não estão tão desgastadas. Pedimos para que eles cantem aquilo que ainda não tocou no rádio", explica.

Há seis meses no ar, o programa surgiu na casa de Ana Carolina e, quando migrou para a casa do amigo Vercillo, ganhou nova formatação. "Aproveitamos os encontros para gravar. A equipe do canal passa aqui em casa um dia antes, monta a luz e se o clima está bom, gravamos lá fora. Se estiver nublado, mudamos a locação para dentro. Tenho levado tantos nomes consagrados como os artistas mais herméticos. Foi a admiração por aqueles que não têm tanto espaço na TV aberta que me levou a propor a atração", confessa.

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