Jorge Vercilo faz show sábado no Centro Dragão do Mar
Cantor carioca falou com o DIVIRTA-CE sobre a Lei do Direito
Autoral, ECAD, Marco Feliciano, preconceito, política, Copa do Mundo e outros
assuntos
Especial gravado no Teatro José de Alencar, do Canal Brasil,
“Luar de Sol”, será lançado em DVD no mês que vem
Jorge Vercillo
conversou com Felipe Muniz Palhano sobre essa nova turnê, o programa que
apresenta com Dudu Falcão no Canal Brasil, “Compositores Unidos” e outros
assuntos. O cantor carioca que tem uma legião de fãs em Fortaleza falou sobre
seu envolvimento com músicos cearenses e comentou até sobre Marco Feliciano,
preconceito, política, o Brasil na Copa. Jorge também comentou sobre a reforma
da Lei de Direito Autoral e sobre a situação atual do ECAD.
DIVIRTA-CE – No fim do ano passado você gravou um especial
do Canal Brasil aqui no Ceará que será lançado em DVD. Como será esse show de
sábado na Praça Verde do Centro Dragão do Mar? Terá o mesmo repertório?
JORGE VERCILLO – No teatro começávamos com “Acendeu” e “Rio
Delírio”, são duas músicas que eu vinha rodando o Brasil e abrindo os shows da
turnê “Como diria Blavatsky”, meu disco mais atual. O show agora está sendo
aberto de uma forma diferente.”Luar de Sol” tem um repertório que passeia pelas
músicas do DVD, mas tocamos também os sucessos antigos, canções do começo da
minha carreira. Está sendo uma experiência maravilhosa começar essa turnê pelo
nordeste.
DIVIRTA-CE – Como foi gravar o DVD no Teatro José de
Alencar?
JORGE VERCILLO – Esse DVD foi gravado no Teatro porque era
um repertório hermético, priorizando os
sucessos mais recentes como “Arco Íris”, “Me transformo em luar”, “Sensível
demais”. Não gravei no DVD sucessos antigos porque já tenho três DVDs gravados
com este formato. O show “Luar de Sol”, de sábado, traz todas as fases da minha
carreira, por isso escolhemos um lugar grande como a Praça Verde do Centro
Dragão do Mar. No DVD temos a participação do Balé Edisca, que faz aquele
trabalho social com jovens, dançando uma música minha meia valsa, meia clássica
chamada “Olhos de nunca mais”, parceria minha com o nordestino Bráulio Tavares,
paraibano. Além do show esse DVD traz quatro clipes: um é com a Edisca, outro é
a participação de Raimundo Fagner, na música “Homem Grande”, gravado em
Beberibe. A música fala sobre um encontro entre pai e filho que não se
conheciam – ele foi conhecer o pai já adulto e o encontro acontece em Juazeiro,
no Cariri. O Fagner participou do arranjo, harmonizando a música comigo,
sugeriu a levada de xote. Além de Fagner o DVD tem participações de outro
músicos do Ceará como Adelson Viana, Paulo Façanha, Ítalo e Renno, cantando
“Nos Espelhos”... “Luar de Sol” vai ser lançado em maio, e tem clipe também
feito no Cumbuco.
DIVIRTA-CE – Paulo
Façanha é um grande parceiro seu aqui desde o começo da sua carreira e você tem
um grande envolvimento com músicos daqui do Ceará. Como e desde quando começou
essa relação, você que é do Rio de Janeiro, carioca?
JORGE VERCILLO – Eu estava em casa no Rio de Janeiro, 1997
ou 96, e recebo a ligação de um cara chamado Paulo Façanha, um músico, da
noite, que conhecia minhas músicas tema de novela como “Praia nua”, “Encontro
das águas”, já era meu fã, e tinha uma loja de discos. Ele dizia que vendia
meus discos de dia, e tocava minhas músicas à noite. Eu morri de rir, achei que
era uma piada. Então fizemos a ponte para o primeiro show aqui no Absoluto Bar,
no Mirante. O Nordeste foi o primeiro local onde eu me descobri famoso. Vinha
para cá tocar para mais de cinco mil pessoas.
DIVIRTA-CE – Como você encara a receptividade de cada
público, do Nordeste, do Sudeste. Existem muitas diferenças?
JORGE VERCILLO – É claro que cada cidade tem uma
personalidade diferente, mas o Brasil, em se tratando de público, já está muito
equalizado. Eu sinto como cidadão que o nordestino é mais aberto para a vida,
não tem defesas. O nordestino tem uma simplicidade que me encanta. Talvez por
isso viemos gravar esse especial aqui. Talvez o Canal Brasil percebeu a
importância do Nordeste na minha carreira.
DIVIRTA-CE – Você também comanda no Canal Brasil um programa
de entrevistas. Como está sendo a experiência?
JORGE VERCILLO – Sou eu e Dudu Falcão, que inventou o
“Sarau”. Não somos entrevistadores, na verdade nós participamos, somos
anfitriões, reunimos vários músicos. Dudu é um dos grandes compositores dessa
nova safra, recordista em temas de novelas. Recebemos todos lá em casa, no
gramado, na sala, quando está chovendo... músicos maravilhosos como Carlos
Lira, Luis Melodia, Geraldo Azevedo, Tico Santa Cruz, Luisa Possi, Jorge
Aragão, Fátima Guedes, Flavio Venturini. São grupos de quatro, cinco pessoas,
que, começam a conversar, pegam o violão e começam a tocar. São registros
exclusivos, inéditos, que vão ficar para a história. O programa é exibido
sábado às 21h30, domingo às 11h da manhã, terça às 18h e quarta às 7h. Estou
adorando fazer o programa, dá um trabalho da p... Ninguém está ganhando algo
com isso, o Canal Brasil não ganha nada, nem o diretor, nem o Dudu, nem eu –
fazemos isso por amor a música. Fazemos por figuras como João Bosco, Milton
Nascimento que esteve lá recentemente, falando histórias de OVNIs, da amizade
dele com Ayrton Senna... são papos exclusivos!
DIVIRTA-CE – Você é um grande compositor, com diversos
sucessos, e deve estar acompanhando a reforma da Lei de Direito Autoral e a
situação do ECAD, que acaba de receber uma multa milionária por prática de
cartel. Qual a sua opinião sobre esses dois assuntos?
JORGE VERCILLO – O ECAD e suas associações tem alardeado que
o Ministério da Cultura quer acabar com o direito autoral e isso não é verdade.
Nós somos gratos aos funcionários do ECAD, que vem melhorando, é uma vitória.
Já é um órgão que funciona bem, mas o ECAD precisa de uma fiscalização e o
governo já vem percebendo isso. Existe um grupo de artistas que apóia o ECAD e
é contra o governo e outro grupo que acredita no novo projeto da Fundação
Getúlio Vargas, com apoio da ministra da cultura Marta Suplicy. Projeto este
que vem para manter o que funciona bem no ECAD e para melhorar o que ainda não
funciona bem, apenas isso. O principal é colocar todos os lados para conversar
para chegarmos a algumas conclusões em comum e para todos esses lados virarem um
lado só, a favor da música. O Ministério da Cultura está fazendo um projeto
onde os músicos poderão opinar nas leis, não será uma coisa arbitrária, contra
apenas alguns diretores do ECAD. Ao mesmo tempo queremos que todos do ECAD
estejam nisso, pois eles trabalham há 30 anos e sabem da parte prática melhor
que a gente. Ninguém é o dono da verdade absoluta. Costumo dizer que a verdade,
aqui neste planeta, é única, pessoal, individual e intransferível: cada um tem
a sua verdade pois vivemos nesse planeta que é relativo.
DIVIRTA-CE – Jorge, vivemos uma “guerra” nas mídias sociais,
com artistas falando sobre homofobia, “homossexualismo”, como se ser gay fosse
ter uma doença. Como você se posiciona sobre este assunto?
JORGE VERCILLO – Tenho tocado nos meus shows, em Recife,
Salvador, uma música minha chamada “Avesso”, que fala sobre uma relação
homossexual, em homenagem ao pastor Marco Feliciano, para ele aprender a virar
gente. Ele não é pastor nem de cabra nem de ovelha. O pastor é aquele que
direciona os animais a um local seguro. Não tenho nada a ver com a fé
evangélica, mas conheço muitos evangélicos. Os fiéis são pessoas muito boas, de
família, de amor, de querer bem, e esses falsos líderes só tem interesse no
cartão de crédito de vocês. Isso é um estelionatário, que ainda fica pedindo
senha! Acho que o Ministério da Justiça deveria sondar e averiguar essas
práticas. Vocês sabem que várias religiões não pagam impostos e isso tem que
acabar! Esses caras estão ficando milionários e falando besteira. Eu fui
acusado outro dia de satanismo, porque eu lancei um disco falando de ET e de
Blavatsky. Fui acusado também por ter colocado um símbolo egípcio! O que a
humanidade tem de bonito são as diferenças. Queria perguntar o seguinte: 80%
dos fiéis das igrejas são negros ou mestiços. Por que só a mitologia dos
negros, o candomblé, a umbanda, os orixás, é chamada de feitiçaria, de
bruxaria? Já frequentei centro espírita,
candomblé, acho a mitologia linda, não frequento mais. Mas acho que as
histórias, os arquétipos são lindos. Os orixás nada mais são do que forças da
natureza... e você falar que isso é bruxaria? Então a mitologia grega deveria
ser bruxaria, a mitologia nórdica também é bruxaria. Por que não é? Porque é a
mitologia dos anglo-saxões que comandam financeiramente esse mundo. Acho que é
um racismo incrível com o próprio fiel. Se vocês acreditam tanto em Deus, então
confiem em Deus, que todos somos irmãos, sejam heterossexuais, homossexuais...
Quem sabe Deus ou seus engenheiros geneticistas estejam formando uma nova
geração de homens mais femininos, mulheres mais fortes, de pessoas menos
bélicas, de seres humanos menos brutais, como essa geração que só faz guerra.
Esses pastores falam muito mais em demônio do que em Deus. Se isso existisse,
eles seriam os demônios.
DIVIRTA-CE – Você já se interessou por política, com tantos
artistas entrando nessa carreira, você tem vontade, para tentar mudar alguma
coisa?
JORGE VERCILO – Rapaz, na hora que eu quiser fazer isso, me
faz um favor: me interna! Eu acredito no
ser humano, eu não acredita na máquina. Essa estrutura que está armada é podre.
Você entrando em qualquer partido, de direita, esquerda ou centro esquerda, a
máquina é viciada. A máquina não gerencia a favor do ser humano e sim das
corporações.
DIVIRTA-CE – Você acha que o Brasil está preparado para
sediar uma Copa do Mundo?
JORGE VERCILLO – O Brasil está sendo obrigado a estar
preparado. Como diz o Jorge Mautner, o Brasil é um gigante que se fez de
invisível e agora está se mostrando. Segundo muitos antropólogos, sociólogos, o
Brasil tem a missão mundial de instaurar a paz e a aceitação mútua entre as
diferenças. Isso é maravilhoso, é muito simbólico esse momento para o país. O
Brasil não está preparado, as obras estão todas atrasadas. Tem gente que quer o
atraso das licitações, para virar uma coisa emergencial e gastar mais. Nem a
seleção brasileira está pronta (risos).
A tendência é que “leve um pau”. Mas acho bacana o mundo direcionar o
olhar para o Brasil, nós estamos podendo acrescentar de alguma forma. Eu,
sinceramente, não me vejo como brasileiro mais, me vejo como ser universal.
Cada vez precisamos assimilar esses conceitos, esses jovens que viajam o mundo
inteiro, tem amigos em todo o planeta. Mas estou esperançoso que essa Copa e
essas Olímpiadas deem certo e acho que todos nós sairemos ganhando com esses
eventos.
DIVIRTA-CE – Muitos casais adotam suas canções como tema do
romance. Recebe muitas propostas para shows em casamentos e outros eventos
particulares?
JORGE VERCILO – Conheço muita gente que minhas músicas
marcaram a vida, marcaram o relacionamento. Isso me orgulha demais. Mas eu não
me vejo como um romântico, me vejo como um artista transgressor, até
questionador, lançando um disco falando sobre Helena Blavatsky (Madame
Blavatsky foi uma escritora, filósofa e teóloga da Rússia, responsável pela
sistematização da moderna Teosofia e co-fundadora da Sociedade Teosófica),
questionando o amor atual.
O cantor é muito simpático e recebeu o DIVIRTA-CE no Hotel Iate Plaza Golden Tulip, no Mucuripe. Ao chegar em Fortaleza, o divulgador Vevé revelou que a primeira coisa que Jorge Vercillo fez ao pisar no hotel, foi tirar a roupa e dar um mergulho no mar do Mucuripe. Na piscina, onde aconteceu a entrevista, Jorge estava refrescando sua garganta com água e assoprando um tubo finlandês para aliviar suas cordas vocais... ele explica como funciona esse "tubo finlandês" no vídeo. Vejam!
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