Trem da Minha Vida Novo trabalho de Jorge Vercillo vem mais maduro na forma e no conteúdo
ÉRICA ARAIUM
Da Agência Anhanguera
erica.nogueira@rac.com.br
Jorge Vercillo não é só mais o dono de canções de sucesso como Fênix, Monalisa, Que Nem Maré e outros hits tão dele que há tempos passeiam no dial. É um Jorge de “eles” dobrados e de santo ainda mais forte abençoando seus 16 anos de carreira. À primeira vista, porém, tanto o CD quanto o DVD Trem da Minha Vida (EMI Music), novo projeto do cantor, compositor e violonista cintilam como dropes mais do mesmo pintados de azul. Afinal, frutificaram do registro ao vivo de duas noites de ingressos esgotados no Canecão, no Rio de Janeiro, em 2008, e são consequência da bem sucedida turnê do álbum Todos Nós Somos Um (2007, EMI Music). Mas não é nada disso. Trata-se, sim, de uma experiência sonora muito além da boa e velha MPB.
Tanto a voz quanto os arranjos de Vercillo, que há tempos encontrou o aconchego de seu público, soam mais maduros no conteúdo e na forma. No DVD isso fica claro. “Não foi algo planejado ou pensado. Mas há muitos dedos de Deto Montenegro (diretor artístico de Jorge Vercilo ao Vivo, 2006) também nesse espetáculo urbano. Foi ele que me libertou de dogmas e me deixou mais à vontade no palco”, conta.
Tão à vontade que a canção que dá nome ao projeto — um reggae-xote despedida — homenageia e entrega a intimidade do músico. “Foi meu filho mais velho Vinicius quem fez com que eu incluísse essa música no disco. É uma homenagem à minha mãe. Fala da importância de cultivarmos os sonhos e, ao lutar por eles, de levarmos na bagagem a educação e os valores, nossas fortunas maiores”, explica. Tanto essa canção quanto São Jorges, abordam temas sociais, predileção de Vercillo.
Segundo o músico, Todos Nós Somos Um foi o álbum que melhor se aproximou da verdade musical de Vercillo. Mas em se tratando de liberdade, não há dúvida de que Trem Da Minha Vida é a tradução de seu potencial enquanto arranjador: num mesmo palco, diferentes Jorges são interpretados por um único Vercillo.
Para coroar o momento, Vercillo trouxe para dentro de sua sala — o palco — os parceiros Dudu Falcão (com quem interpreta Coisas que eu Sei, de Dudu e sucesso na voz de Danni Carlos), Serginho Moah (o vocalista do Papas da Língua canta São Jorges, canção que entrou no CD e DVD) e Jota Maranhão (que faz coro em Ela Une Todas as Coisas).
O DISCO. O CD traz 14 faixas e à exceção de Trem da Minha Vida e São Jorges (parceria com Jorge Aragão), as letras das demais canções são conhecidas do público. As melodias, completamente outras, porém. As três faixas que abrem o álbum — Devaneio, Voo Cego e Homem-Aranha — delatam que Vercillo está mais sofisticado e jazzístico. Mas também mais salsa (Monalisa), soul (Final Feliz), samba (Toda Espera) e muito Jorge nas canções pinçadas do projeto especial Coisa de Jorge (2007, EMI Music) — Líder dos Templários e São Jorges. Ainda no repertório, foram incluídas as canções de carreira como Encontro das Águas, Fênix (que leva um inusitado solo de bateria de Claudio Infante) e Que Nem Maré, numa versão para lá de dançante.
DVD. A cereja do bolo deste projeto está no DVD. Vercillo interpreta só e bem acompanhado 24 canções de forma lúcida e experimental. Destaque para o samba autobiográfico Tudo que eu Tenho e uma versão para lá de gentil e fraseada do jazz Tenderly (Walter Lloyd Gross/ Jack Lawrence). Em Camafeu Guerreiro, ponto alto do DVD, o cantor convoca os músicos de sua big band para uma roda de capoeira. Mas há que se destacar os extras, sobretudo no tópico Em Casa ou em Qualquer Lugar. Lá há mais da intimidade de Vercillo que imagina nossa “vã filosofia” e uma deliciosa versão voz e violão daquele bamba desenvolto no palco, com direito ao carinho dos filhos (Vinícius, de seis anos, acompanha o pai ao violão e dá show enquanto Vitor faz das suas bagunças de neném) e esposa.
Vercillo se assume tão lírico e metafórico quanto livre e otimista e diz que sua maneira de compor não mudou.
Fonte: Gazeta de Piracicaba
Bia, passando para ver notícias sobre o meu grande amor e "letrista"... poeta e cantor.
ResponderExcluirParabéns mais uma vez!
Beijão
Cris