segunda-feira, 20 de abril de 2009
Vercillo fala sobre política e sobre a crise...
Jorge Vercillo convida parceiros para gravar Trem da minha vida
Cantor prova que vozes masculinas também têm vez na música popular brasileira
Ailton Magioli - EM Cultura
Para provar que nem só de cantoras vive o Brasil, Jorge Vercillo resolveu levar para o palco do Canecão, no Rio, três convidados que, se não convencem pela força do gogó, pelo menos mandam ver em termos de composição, caso de dois deles. Gravado ao vivo na casa noturna em que ele estreou carreira há uma década, o DVD Trem da minha vida, que o intérprete carioca está lançando, exibe os parceiros Dudu Falcão (Coisas que eu sei) e Jota Maranhão (Filosofia de amor) à vontade no ofício do canto, reservando também para a versão em CD a participação especial do vocalista da banda gaúcha Papas da língua, Serginho Moah (São Jorges, inédita da parceria com Jorge Aragão).
“Não gosto da obrigatoriedade de convidados. Tanto que não chamamos nenhuma estrela, o que poderia soar como uma bengala, coisa que não preciso. A presença dos três foi mesmo pelo prazer de chamar amigos, principalmente para confrontar com esta ideia de que o Jorge Vercillo está sozinho enquanto cantor. As pessoas falam muito das cantoras, das meninas da MPB, esquecendo-se de que temos compositores cantores”, prega Vercillo, ele mesmo vítima durante longo tempo do preconceito que insistia em apontá-lo como “cover de Djavan”, diante da timbragem parecida com a do mestre alagoano das melodias.
Autor de obra cujo apelo popular às vezes aproxima das pérolas de Djavan, Jorge Vercillo experimenta fase da carreira em que diz se aproximar, cada vez mais, da tradicional MPB, como já havia provado no disco anterior, Todos nós somos um, no qual lançou a confessional e autobiográfica Tudo que eu tenho (“Quando menino /eu troquei a bola pela viola /e fiz da praia do Leme /o meu Abaeté”). Não bastasse isso, o cantor trocou de banda, convocando instrumentistas de renome para acompanhá-lo.
“É uma banda nova, de músicos qualificados, altamente requisitados pelos estúdios, tanto Paulo Calasans (teclados, coordenação musical), quanto Cláudio Infante (bateria) e Armando Marçal (percussão), entre outros”, conta Vercillo.
Segundo admite, ele trocou de músicos porque precisava de uma nova sonoridade. “E ficou um som muito denso. As pessoas começaram a falar que este era o meu melhor show, o que refletia mais todas as minhas vertentes, e ele realmente aprofundou nestas questões”, acrescenta.
Curiosamente intitulado Trem da minha vida, por sugestão do executivo de gravadora Marcelo Castelo Branco, o disco não tem nada de mineiro, ainda que ele também não negue a relação de admiração pelo Clube da Esquina, do qual fez parceiro Cláudio Venturini. A música-título é um reggae, meio xote, à qual se juntam no repertório sucessos dele como Homem aranha, Ela une todas as coisas, Encontro das águas, Fênix, Monalisa e Que nem maré, todas regravadas em novas versões.
“Trata-se da continuidade de Todos nós somos um, mesmo porque o show não é mais o mesmo da turnê passada”, avisa o cantor.
O lançamento nacional do CD/DVD começa por São Paulo, mês que vem.
Obama é novo alento
O mundo vive um momento muito focado no medo, na opinião de Jorge Vercillo, que, diante de tal cenário, resolveu aprofundar o discurso social de suas canções.
“Você liga a televisão e só ouve falar em crise. Essa crise é meio fantasma, ela parte das pessoas que investem na bolsa, não atinge as camadas mais populares”, opina o cantor.
“É uma crise muito psicológica, que vem traduzir o medo que a humanidade está atravessando. Trata-se de terrorismo total”, protesta Vercillo, que vê na situação uma “jogada” para frear o desenvolvimento de países emergentes como China, Índia e Brasil.
Ao parceiro Jorge Aragão, com quem assina a canção-prece São Jorges, cujos vocais ele divide com Serginho Moah, coube dar o tom de protesto do disco. “Meu filho ardia em febre /e o preço do remédio nem dava no salário”, dizem os versos.
Para o cantor, a posse do democrata Barack Obama na Presidência dos Estados Unidos, no entanto, traz novo alento para o mundo.
“A tendência é de melhorar, de ter um pouco mais de compreensão, de tolerância e de aceitação do que é diferente, coisa que o americano médio e republicano tem dificuldade”, justifica.
“Mas estou até concordando um pouco com o presidente Lula. A mídia, principalmente, precisa parar de vender esse terrorismo, esse medo. Afinal, nós, brasileiros, crescemos na crise. Sempre ouvi falar de crise, desde que era pequeno. Quando comecei a carreira artística, a crise era a desculpa para as gravadoras não abrirem espaço para novos talentos. Precisamos nos concentrar mais no construir”, conclui o cantor.
Fonte: site UAI
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