sábado, 19 de novembro de 2011

Como Diria Blavtsky +

Jorge Vercillo: “a arte é um trabalho de intuição”

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br

Postado por danielsoares em 18 de novembro de 2011
 
Foto: Leonardo Aversa

O cantor e compositor carioca Jorge Vercillo está de disco novo e também vivendo um novo momento em sua carreira.  “Como diria Blavatsky” bem poderia ser o nome de um livro, mas batiza o seu 11º álbum, que também marca seu retorno à produção independente e que está saindo pelo seu selo, o Leve. O nome do disco veio de seu aprofundamento na obra da russa Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), fundadora da Sociedade Teosófica, que propõe um olhar científico sobre as questões existenciais e espirituais, independente da orientação religiosa. “Eu queria que tivesse esse peso, como um nome de um livro”, diz o compositor, algo para “nivelar a conversa”. “Na verdade, a minha música, desde sempre, me conecta com as consciências externas, e quando você começa a estudar, percebe que essa consciência, de alguma forma, interage na realidade”, diz Vercillo que completa falando que esse questionamento (e o álbum tem esse caráter questionador em muitas das faixas) não veio de um “estalo”, mas sim de forma gradativa, inclusive desde o seu primeiro disco. “A arte é um trabalho de intuição”, complementa. É também, e Vercillo gosta de ressaltar isso, seu primeiro disco com três sambas e três rocks.
 
Completamente autoral e trazendo novas parcerias com Dudu Falcão, João Bani e até com a esposa Gabriela, o álbum tem o frescor das tardes cariocas, do cheiro de mar e do vento, elementos que são recorrentes na composição de Vercillo. O vento, alías, é quem abre o trabalho em “Ventou, Ventou” que termina com uma deliciosa referência latina. Na sequência, “Acendeu” foi dedicada ao arquipélago de Fernando de Noronha e “a todas formas de vida nele”. E aí entra um pouco do carater conceitual do disco, quando Vercillo personaliza a ilha, lhe dando identidade e “consciência”. Quando lhe digo que a água é um elemento constante na sua obra, logo rebate: “Não é só a água, eu tenho uma ligação é com o planeta inteiro”, o que se complementa pela faixa-título. Em “Me Leve a Sério”, muito suingue e baixo a la “Billie Jean”, de Michael Jackson e primorosa guitarra de Bernando Bosísio. “É como se fosse uma resposta à música de Michael, que negava a paternidade”.
Mas a faixa que bem resume esse ‘conceito’ do álbum, de um trabalho de questionamento, é “Eu Quero a Verdade”. Vercillo diz que a música iria se chamar “Weakleaks”. Nela, o questionador Vercillo coloca em pauta o amor, a fidelidade, a violência no seu Rio de Janeiro, a “apatia de ver a Amazônia acabar”. Esse tom retorna em “Rio Delírio”. Antes, “Invictor”, um samba balanceado feito para o filho mais novo, Victor. “Ele não gostou muito da música não”, confessa Vercillo. Já em “Sensível Demais”, primeira música de trabalho do disco, uma história bastante curiosa. Vercillo não se lembrava que essa música era sua. “No ano passado, estava numa rádio do interior paulista e o radialista, enquanto conversávamos, colocou algumas músicas minhas de fundo. De repente ele me questionou porque eu tinha me tornado cult demais, tocando em rádios mais sofisticadas, coisas assim. E que eu podia regravar, por exemplo, essa. Me desliguei totalmente da conversa e comecei a prestar atenção na música ‘Sensível Demais’, não lembrava que era minha. A música ficou famosa na voz de Christian & Ralf e depois com Maria Bethânia. Resolvi gravar então né?”.
Mesmo sem admitir que se trata de um recado a alguém, “Faixa de Gaza” chega em tom de desabafo. “É mais para aqueles que acham que podem ditar o que se ouvir. Que acham que meia dúzia de bandas inglesas do momento são melhores que qualquer outra coisa, ou que o samba tem dono. É nesse espírito. Eu trabalho com a diversidade, eu busco a diversidade. Por isso posso hoje cantar com Chico Buarque e amanhã com Buchecha (e ele fez isso em Porto Alegre há poucos dias, onde também cantou com Serginho Moah, do Papas da Língua)”.Nesse momento lhe pergunto sobre o que anda ouvindo e a resposta vem em dois nomes: Chico Buarque e a banda canadense Nickelback.
Fechando o trabalho está “Memória do Prazer”, a parceria com a mulher Gabriela, canção romântica, uma autêntica “vercilliana”. O disco também traz uma novidade. No encarte, um cartão com uma senha dá acesso a um conteúdo exclusivo no site www.jorgevercillo.com.br, como videos de making off da gravação e faixas para download.
“Acho que esse trabalho fecha uma trilogia iniciada com ‘Todos Nós Somos Um’ e ‘DNA’, diz Vercillo que, ainda na sua onda questionadora, diz que “vivemos num mundo relativo. Nada é absoluto. Estamos condenados à evolução”.

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