terça-feira, 25 de outubro de 2011

Como Diria Blavatsky !! mais notícias...

Jornal do Brasil por Paulo Marcio Vaz


Entre as novidades do disco estão três sambas, gênero raramente gravado pelo cantor, e músicas com um quê de protesto político, além de canções com temática existencialista. Mas não faltam as baladas e hits de levada pop características da trajetória de Vercillo, que também incluiu no CD a música Faixa de Gaza, composta depois que o cantor foi vaiado por “três rapazes” durante um show em homenagem a Jorge Mautner, no Circo Voador.
“Não é um disco melhor nem pior que os outros. É diferente”, avalia Vercillo.

Cantor inicia nova fase na carreira, com o CD 'Como diria Blavatsky' e o selo próprio, Leve
Cantor inicia nova fase na carreira, com o CD 'Como diria Blavatsky' e o selo próprio, Leve
Os fãs mais acostumados com hits como Monalisa e Que nem maré poderão estranhar, por exemplo, as exóticas Acendeu - dedicada ao Arquipélago Fernando de Noronha, a letra narra uma versão da história da formação da ilha, contada por ela própria – e Como diria Blavatsky – uma lembrança da escritora que popularizou, no fim do século 19, a teosofia no mundo moderno.

Vercillo também aposta em uma certa inquietação amorosa e política em Eu quero a verdade, na qual, após uma primeira parte que fala de aspectos relacionados ao relacionamento a dois, parte para uma segunda parte abordando temas como a violência e o comércio de drogas no Rio, além tabus religiosos, que citam o papa e até mesmo o Terceiro Segredo de Fátima.
“A letra de Eu quero a verdade veio inteira num sonho”, lembra Vercillo. “Eu acordei e saí me arrastando da cama para escrever. A música também veio toda. Num primeiro momento, pensei em batizá-la de Wikileaks.

Mais contestação:
Sobre a crítica política contida no CD – presente também em Rio delírio – Vercillo diz sentir falta de mais contestação não apenas na música brasileira, mas em nível mundial:
“Sinto falta de mais conteúdo político nas letras não só no Brasil, mas no mundo. Tive um tio, Joaquim Barbosa de Souza, que foi perseguido político, e costumo seguir os conselhos dele”, enfatiza o cantor. “Há uma mudança grande no mundo, estamos indo da Era de Peixes para a de Aquário. Temos a Primavera Árabe e a queda de ditadores. É claro que isso também tem um lado ruim, que é a uniformalização do capitalismo selvagem, do lucro pelo lucro, mas também há um passo a frente em relação a isso com os recentes protestos que começaram  em Wall Street”.

Já o protesto pessoal presente em Faixa de Gaza, uma aparente resposta as vaias que parte da plateia – “três rapazes, segundo Vercillo – vaiaram o cantor durante uma aparição no show dedicado a Jorge Mautner - não são dirigidas ao público.
“Faixa de Gaza não foi feita para os três rapazes que me vaiaram”, garante o cantor. “Eles têm todo o direito. Tanto que as vaias aconteceram e eu continuei cantando. Fiz a música para pessoas na mídia que não têm capacidade para estarem nos seus cargos. Se você vai falar de música, tem que entender do assunto. Se você só gosta apenas de algumas bandinhas inglesas, não tem que falar de música num jornal. Foi para essas pessoas que eu fiz essa letra”.

Na entrevista, Jorge Vercillo também esclareceuma questão que talvez ainda possa existir entre alguns fãs. Autor de letras intrigantes como a da polêmica Avesso, que relata, em primeira pessoa, uma clara relação homossexual, o autor explica que, nem sempre, o que escreve é aquilo que se passa com ele.
'Avesso', o novo selo e o jabá

“No disco atual, Eu quero a verdade é muito a minha vida real. Mas eu também já fiz músicas que não são a minha vida, mas a de alguém próximo. A homossexualidade não é o meu gosto pessoal, mas fiz a letra de Avesso (“...somos homens pra sabe o que é melhor pra nós/ o desejo a nos punir só porque somos iguais...”) influenciado pelas histórias pessoais de um amigo, que é meu padrinho de casamento”.



Sobre o novo selo, Vercillo não garante que a nova empreitada resulte no lançamento de outros artistas, mas, ao assumir, a partir de agora seu lado empresário, aproveita para marcar posição sobre temas mais ligados ao mercado da música, como jabá, direitos autorais e grandes gravadoras.
“O jabá é um tema muito complexo. Eu já suei muito a camisa para pagar por promoção de rádio. O que se faz muito hoje em dia é a rádio chegar para o artista e pedir um show em troca da execução da música, o que não é o ideal para se divulgar um trabalho”, admite Vercillo. “De qualquer forma, é preciso haver um parâmetro para se avaliar que música deve ou não ser executada. Não estou defendendo o jabá, mas é preciso ter um filtro. Muitos que hoje condenam o jabá, um dia já se aproveitaram dele”.

Vercillo crê que foi o mercado musical, a partir da crise vivida pelas grandes gravadoras e a polêmica do consumo de música via internet, que deu os primeiros sinais de que algo precisava mudar no atual contexto político e econômico mundial:
“Há dois lados nessa história. O ruim é o da falta de respeito em relação ao pagamento por aquilo que se ouve. Muitos pintam as gravadoras como vilãs, mas elas pagam seus impostos. Acho que o download pago é uma boa solução para isso. E o lado bom é a liberdade de criação que a tecnologia oferece. Com um home studio,  as pessoas fazem boas gravações em casa”.

Novo sonho:
A partir do lançamento de Como diria Blavatsky e de seu novo selo, Vercillo deixa escapar um novo sonho, ainda por ser concretizado:
“De vez em quando, organizo saraus na minha casa, e costuma ir muita gente boa. Penso em transformar esses encontros musicais num projeto para um programa de TV”.

Sobre a possibilidade de lançar artistas por seu selo, o cantor ainda se mostra reticente:
“Procuro ajudar alguns artistas que estão começando, como, por exemplo, a Nina Jô, uma cantora que está gravando em meu estúdio (Nina canta em Memória do prazer, uma das três faixas bônus do novo de Vercillo). Lançar outros artistas pelo selo é uma possibilidade. O que ocorre é que sou muito ocupado com minha carreira e não sei se teria condições de cuidar disso. Mas tem muita gente boa aí pronto pra fazer bons discos”.

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