Entrevista: http://garotafm.com.br
Zen, Jorge Vercillo lança disco de forma independente e faz show no Rio
Cada vez mais zen, Jorge Vercillo sobe ao palco do Citibank Hall
neste sábado (29/10) para o lançamento de seu novo disco, “Como Diria
Blavatsky”. O músico faz um intervalo das aulas de yoga e de projeção
astral e leva para o público sucessos e canções novas, como “Memória do
Prazer”, parceria com a mulher, Gabriela Vercillo, que está no CD e na
trilha sonora da novela “Fina Estampa”. Jorge está em uma nova fase e
ele fala sobre isso, sobre seu disco independente, crítica, família e
astral ao GarotaFM. Confira a entrevista:
GarotaFM: Você já havia lançado um disco independente antes
de “Como Diria Blavatsky”. Hoje, qual seu ponto de vista sobre o mercado
fonográfico?
Jorge Vercillo: Eu lancei “Leve” em 1999 de forma
independente. Eu diria que eu tenho mais estrutura hoje com o
“Blavatsky” do que quando lancei “DNA”, pela Sony. Eu saí da Sony e da
EMI para ser um artista maior, não menor. É um momento completamente
diferente daquele em que eu estava começando, tocando na noite, lançando
um disco independente como o “Leve”. Para fazer esse disco agora,
preferi sair da Sony porque comecei a perceber que eu tinha como ser um
artista maior e investir mais na estrutura do meu trabalho sozinho ou
com um parceiro do que numa grande gravadora, que tem muitos produtos
pra cuidar.
GFM: Ter uma carreira consolidada e ser conhecido influenciou nessa decisão?
JV: Sim. Hoje eu tenho um estúdio, onde eu posso
gravar meus discos, tenho como montar uma estrutura de divulgação que
trabalhe melhor para mim do que trabalhariam numa gravadora grande, que
tem muitos produtos. Mas mesmo assim eu sou muito grato a Sony pelo
trabalho que foi feito no “DNA” e sou muito grato também a EMI, que foi
uma casa onde fiquei mais de dez anos. Foi muito importante pra minha
carreira.
GFM: Qual foi sua inspiração e motivação para as canções desse novo trabalho?
JV: Esse é um disco temático, que fala de
humanidade, evolução e consciência. Mas, ao mesmo tempo, é um disco que,
no repertório, tem umas músicas mais densas e, em outros momentos, tem
outras mais suaves paras as pessoas relaxarem e curtirem. Eu acho que
esse disco tá refletindo a minha verdade mesmo na totalidade. Eu busco a
totalidade na minha vida e na minha carreira, que é sempre estar
lançando músicas de MPB, e lançando também um repertório mais pop que
tem a ver com a minha verdade também. Essas duas vertentes estão
presentes no meu disco também.
GFM: Como está sendo a resposta do público em relação ao novo CD?
JV: Eu estou muito contente porque fico vendo no
Twitter e no Facebok as pessoas falando de cada faixa e se surpreendendo
e se emocionando… Sinto que esse disco vai ser um disco mais importante
na vida das pessoas, mais importante até que o “DNA”.
GFM: Para você, qual é a grande diferença dos trabalhos anteriores?
JV: Eu acho que a diferença mais marcante é o fato
do disco ter três sambas e três músicas com influência do rock. Acho que
é uma novidade isso na minha discografia. O resto do disco caminha
numa normalidade que as pessoas já conhecem de estilos meus.
GFM: Você já foi alvo de muitas críticas? Isso te incomoda?
JV: Não, porque na verdade nós
vivemos num mundo relativo, então, não tem como a pessoa afirmar uma
coisa sobre arte até porque a arte é algo abstrato. Não tem, por
exemplo, como a pessoa afirmar que “Blavatsky” é “o melhor” ou “o pior”
disco do Vercillo. Isso não vai refletir em nada. O que vai refletir é o
inconsciente coletivo onde as pessoas vão ouvir, vão gostar, vão se
identificar e outras não. E é isso que decide o jogo. E eu sinto que tem
uma parte da crítica que espera algo de mim, não sei por quê. Eles
esperam que eu faça um disco todo de samba ou de uma forma mais antiga,
mas isso não é o meu gosto. O que eles esperam de mim, eu acho chato.
Tem trabalhos que a crítica elogia que eu acho chatos; de outros, eu
gosto. Mas meus parâmetros são muitos diferentes dos da crítica. E eu
acho que a critica tem um parâmetro muito diferente da realidade, do que
acontece em rádio, do que as pessoas estão a fim de ouvir, do que estão
curtindo, do que é denso e do que não é.
GFM: Como você se posiciona?
JV: Estou ligado em outra esfera, em outra dimensão,
atualmente, para ficar preocupado com isso. Eu tô fazendo yoga, curso
de projeção astral, estudando filosofia… Minha realidade está muito
distante disso. Não querendo subestimar ninguém, não, mas, na verdade,
nenhum elogio que já tenha recebido me ajudou tanto e nenhuma crítica
negativa por parte da crítica me atrapalhou.
GFM: O que a imprensa nunca te pergunta que você sempre quis falar?
JV: Eu acho que a imprensa nunca mergulhou
profundamente no meu trabalho, no contexto das letras. Eu acho que é
essa questão da totalidade, “Por que você, Jorge, busca essa
totalidade?”; “Por que você grava uma balada rock, um samba, uma música
mais hermética como ‘Blavatsky’ e, ao mesmo tempo, grava uma música pop
como ‘Me leve a sério’?”. Esse é o tipo de questionamento que nunca
fizeram e que eu estou sempre evidenciando e poucos percebem isso. Na
verdade, acho que não são poucos não… o público percebe isso, o público
tem mais tempo pra ouvir o disco, para perceber…
GFM: Carreira e família, como você concilia?
JV: Ultimamente tenho ficado bastante com a minha
família. Agora em outubro fiz aniversário e viajei com eles durante uma
semana pelo Caribe. Antes, fui com minha mulher para Amsterdã, onde
cantei para a Família Real na abertura de um evento que homenageia o
Brasil. Eles entraram em contato e fizeram o convite para eu abrir o
festival e cantar para princesa da Holanda. Foi um evento daqueles em
que eles querem se aproximar comercialmente do Brasil e foi muito
bacana. Desfilei num carro alegórico.
GFM: O que você tem escutado ultimamente?
JV: Chico Buarque. O disco novo do Chico pra mim é um primor. Acho que não tem uma música ruim no disco. É impressionante!
GFM: Se não fosse a música, o que você faria?
JV: Não sei. Eu queria ser jogador de futebol. Mas,
ainda bem que a música me levou porque eu era um jogador mediano. Acho
que eu faria algo relacionado à criatividade, acho que o ser humano está
aqui na terceira dimensão para usar a criatividade dele, para inventar
um mundo novo a cada momento e é isso que eu tento fazer através da
minha musica, inspirar as pessoas a novas ideias.
GFM: Como você vê Jorge Vercillo no futuro?
JV: Eu me vejo fazendo muitos discos, compondo
muitas músicas, conseguindo fazer projeção astral… Acho que “Como diria
Blavatsky” é um disco através do qual tento melhorar como pessoa. Talvez
por causa disso o meu envolvimento com teosofia, com budismo, com
ufologia. Eu acho que a gente precisa ser melhor, a gente precisa
melhorar caráter, conteúdo, sintonia consigo mesmo. Estou numa fase em
que quero melhorar como pessoa e esse disco reflete isso. E você me
pergunta do futuro e eu vejo o Jorge Vercillo melhor como pessoa. Me
vejo podendo ganhar mais dinheiro e podendo ajudar mais pessoas com meu
trabalho, fazendo shows beneficentes mas sem populismo. Até porque tem
milhares de pessoas que ajudam muito mais do que a gente através do
suor, do próprio braço. E eu espero que a vida me dê cada vez mais
oportunidade pra eu poder ajudar os outros. Seja através de um show, de
uma música minha ou do suor do meu trabalho ou através de uma ação
ambiental, eu me vejo cada vez mais ligado a isso.
Jorge Vercillo: Sábado (29/10), às 22h, no Citibank Hall (Av.
Ayrton Senna, 3.000, Shopping Via Parque, Barra da Tijuca – Tel:
4003-6464). R$ 60 a R$ 130
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