segunda-feira, 24 de maio de 2010

Jorge Vercilla - entrevista no Hoje em Dia - BH


Patrícia Cassese - Repórter - 12/05/2010 - 09:30

Novidade, seu nome é Jorge Vercillo. Bem, ao menos neste momento, é difícil encontrar alguém com tantas boas novas na cartola. A que vamos tratar aqui é o disco novo, “D.N.A.”, mas cumpre lembrar que o trabalho é fruto justamente de outras tantas news, tais como mudança de gravadora (Sony Music), inauguração de estúdio próprio, novas parcerias e, como cereja do bolo, a participação de ninguém menos que Milton Nascimento, na faixa “Há de Ser”. Bituca, aliás, não poupa elogios ao cantor e compositor no material divulgado à imprensa. A saber: Jorge é o que eu entendo por verdadeiro músico. É um amigo, faz parte de minha família, assim como abriu as portas da dele. E como se não bastasse ainda me deu a felicidade de cantarmos juntos Há De Ser, uma obra prima. Irmão, obrigado a você e a seus músicos maravilhosos”, declara-se.


E como o moço definiria seu momento? “Acho que o prazer e o tesão pela carreira, pela música, é isso o que faz o artista estar sempre se renovando, buscando coisas novas, trabalhando com pessoas novas, enfim, isso tudo é muito estimulante, e este disco reflete muito o meu momento. Na verdade, essa mudança vem se desenhando desde Todos Nós Somos Um”, diz ele, em entrevista ao HOJE EM DIA, por telefone, do Rio de Janeiro, citando o trabalho anterior.


Sobre a mudança de casa, ele avalia: “Fiquei dez anos na EMI, desde quando entrei, com o disco Leve, e a música Final Feliz estava estourada. A EMI fez todo um trabalho de criar público. Mas com a diminuição do tamanho das gravadoras, pela crise no mercado fonográfico, achei que valeria a pena ficar independente, estar sozinho. Curiosamente, nesta hora entrou um novo presidente, o Marcelo Castelo Branco - uma pessoa maravilhosa, torço muito por ele - que entendeu que era hora de mudanças. Então, saí pacificamente, pela porta da frente. E aí acabou acontecendo o contrato com a Sony com outro know-how, com arrojo maior nos projetos”.


Ao mesmo tempo, ele assegura que teve total liberdade para trilhar o caminho artístico de sua predileção. “Tanto que o disco abre com uma música hermética, mais densa, à la Clube do Esquina”, diz, referindo-se “Há de Ser”.


Aliás, como se deu a aproximação com Bituca? “Tinha feito, no disco passado, o samba Tudo O Que Eu Tenho, que é autobiográfico, fala de algumas das minhas referências, como Chico Buarque, Caetano Veloso e, claro, Milton (na letra, descrito como “ouro preto nas minas da canção”). Ele ouviu, se emocionou, me chamou para um encontro na casa dele, passou a ir aos meus shows, e daí veio a vontade de gravar junto”.


“D.N.A” traz 13 faixas, sendo apenas duas não inéditas: “O Que Eu Não Conheço” (parceria de Vercillo com Jota Velloso), já gravada por Maria Bethânia em 2009, no disco “Tua”, e que agora ganha uma versão mais intimista, e “Um Edifício no Meio do Mundo” (Jorge Vercillo/Ana Carolina), registrada pela parceira no projeto “Dois Quartos”, de 2009.


Como bônus, o disco traz “Deve Ser”, da trilha da novela “Viver a Vida”, de Manoel Carlos. “Também mais densa, mais hermética”.


A música de trabalho, “Me Transformo em Luar”, foi escolhida em conjunto com a equipe da Sony, em encontros pra lá de informais, chez Vercillo. “Foi muito agradável, a gente reunia imprensa, pessoal de rádio, diretores, até jogávamos bola - lá, na minha casa, tem um campinho de futebol, o pessoal se animou, colocou short. Foi no momento em que eu estava sendo apresentado ao staff da Sony e vice-versa, e, nas audições que aconteciam nestes encontros, já se sentia que esta era uma música apropriado para este momento da minha carreira, mais abrangente. Então, escolhemos esta primeira, depois deve vir Arco- Íris (faixa que conta com participação de Filó Machado), e também quero trabalhar a participação do Milton”.


Um acepipe é fruto direto de uma viagem feita ano passado. Em setembro, o cantor embarcou para uma temporada de shows em Luanda, Angola, onde gravou a afro “Quando Eu Crescer”, que tem parte da letra cantada em Kimbundo, um dos dialetos angolanos, em versão criada por Felipe Mukenga.


A canção tem a participação do cantor angolano Dodô Miranda, a percussão de Dalu Rogê e o apoio de um coral de adolescentes angolanos. Vercillo e Felipe Mukenga doaram integralmente os diretos autorais da música para o projeto de alfabetização das crianças angolanas.


Quanto ao fato de agora ter o seu próprio estúdio, batizado de “Poeta Paulo Emílio”, em homenagem ao compositor Paulo Emílio, sogro de Vercillo, e parceiro de nomes como Aldir Blanc, João Bosco e Sueli Costa, entre outros; ele diz: “Acho que o tempo foi um artigo de luxo neste meu momento, pude gravar dez bases, colocar a voz logo depois... E foi assim que pude parar pro Natal e reveillon, e que tive o tempo de refazer uma ou outra base, gravar na África, enfim, teve toda uma sofisticação de detalhes, a participação da cantora Ninah Jo (na faixa “Memória do Prazer”)...


Ah! É justamente esta a faixa que ele fez em dobradinha com a mulher, Gabriela. “A parceria aconteceu completamente ao acaso. Eu ficava cantarolando trechos e ela começou a me ajudar em algumas palavras, sugerindo coisas... Então, era mais do que justo que eu creditasse a parceria”.


E já que o assunto é parceria, a gente aproveita para perguntar a quantas anda a com a mineira Ana Carolina. “Bem, ela está com a agenda muito apertada, e eu idem, numa correria. Mas a nossa amizade rendeu frutos que marcaram a nova geração da música, fizemos o clipe Abismo, que está no meu DVD, e muitas outras”. “D.N.A.” traz ainda a jazzística “Caso perdido”, primeira parceria de Vercillo com Max Viana, nascida em um dos vários encontros de compositores promovidos por Vercillo e Dudu Falcão.


Outra questão que não pode ficar de fora da conversa: os shows de lançamento do álbum. “Não posso te dizer com absoluta certeza as datas, mas BH com certeza, estará no roteiro, bem como o interior de Minas... Em maio, a gente inicia a agenda pelo Rio de Janeiro, depois vem Santa Catarina, capital e interior, depois interior São Paulo...”.


“Nas últimas semanas, estou mais focado no show, fiz uma pré-estreia no Teatro Castro Alves, em Salvador, quando deu para ajeitar muita coisa. Ele vem se aquecendo”, garante.

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